Inês do Carmo

Inês do Carmo, no 1º Encontro da Ilustração no Feminino apresentou uma conferência com o título “Socorro, eu não tenho estilo!” em que refere o problema da necessidade do ilustrador ter um estilo, uma identidade própria que se sobrepõe ao texto e ao livro. Segundo a Inês do Carmo a questão essencial está na necessidade de seguir um programa determinado pelo “cliente”, tal como acontece com o designer. Tive a sensação que muitos dos ilustradores que apresentam esta postura (geralmente com formação de designers) conseguem progredir e apresentar um trabalho mais maduro, enquanto outros que se sobrepõe ao livro e ao texto apresentam um percurso mais pobre. No entanto é uma sensação minha que pode e deve ser contestada. A ilustração de Inês do Carmo é muito diversificada, criativa e de muita qualidade. No conto Russo apresenta um conjunto de planos em papel dentro de caixas de madeira, como se fosse um teatro de fantoches ou marionetas, o lúdico funciona aqui como interligador do leitor à história, pois cria o desejo de brincar com aquelas miniaturas de teatro.

http://inesdocarmo.blogspot.com/

 

 

Monstros realizados com os alunos do Agrupamento de Escolas Humberto Delgado em Sto António dos Cavaleiros

4 thoughts on “Inês do Carmo

  1. É errado dizer que um ilustrador deve ter um estilo próprio. O ilustrador deve ter uma voz própria ou vocabulário próprio, podendo ser traduzido nos mais variados estilos, que devem ser aplicados de acordo com o projecto …
    É como comunicar: Temos ideias e modos de falar próprios mas podemos dizê-los em todas as liguagens e idiomas possíveis, dependendo da pessoa com que estamos a falar…
    A urgência em ter um estilo próprio é normalmente sinónimo de frustração e deixa muitos ilustradores com boas ideias pelo caminho…

  2. Como pode dizer que é errado e falso, tem prática de ilustração? Eu apenas acredito no que a Inês do Carmo me diz, da sua prática de qual não contesto. Vi no entanto pessoas que tem outra postura na ilustração, pretendem marcar um estilo, e a sua depois os resultados são inferiores ao trabalho da Inês do Carmo. Eu por mim, sei muito pouco, vou acreditar no que Inês do Carmo nos diz, parece-me valioso este testemunho.

  3. Viva Tiago,

    Certamente não escrevería com tanta certeza se não fosse por experiência própria.
    A ideia de um estilo próprio é redutor e limitadora do que deve ser hoje em dia o método de trabalho de um ilustrador… como disse conduz normalmente a frustrações e a uma monotonia de soluções… isto que não acontece quando introduzimos o conceito de voz própria: o ilustrador tem um modo próprio de absorver a realidade/texto e de a retransformar/reformatar em imagens utilizando o estilo/meio/suporte que for mais adequado à comunicação dessa imagem/ideia.
    Deste modo, está errado dizer que um ilustrador deve lutar por ter um estilo próprio se considerarmos o mercado global e actual em que se criam livros-objecto baseados em ideias simples, fascinantes e acima de tudo eficazes.
    Está certo dizer que um ilustrador deve ter um modo próprio de pensar e de transformar esse pensamento em elementos visuais.

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