Encontro com Gémeo Luís

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Antes do ilustrador chegar, os alunos estavam à janela ansiosos de entrar (na exposição um trabalho de Gémio Luís)

 

Gémeo Luís foi à Biblioteca da Escola EB 23 João Afonso de Aveiro dia 29 de Maio, Biblioteca que tem tido um programa cultural fantástico e fora do comum.
Ficou surpreendido e encantado com o trabalho desenvolvido pelos professores de EVT e alunos do 5º ano daquela escola. Foi o próprio que disse que não estava à espera de tanta qualidade artística.
Um grupo de professores fez uma abordagem muito interessante à obra deste ilustrador. Foi um trabalho muito estimulante para os alunos que ficaram com um orgulho do que fizeram.
Mas muita coisa aconteceu naquele encontro.
Além do mais foi uma lição de pedagogia que Gémeo Luís me deu (nós os professores não devemos ter medo de aprender pedagogia e outras coisas com outros)(e os outros deviam vir mais vezes à Escola ajudar a resolver os problemas que a Escola atravessa). Além dos alunos estarem receptivos a este professor (nem sempre isto acontece), Gémeo Luís revelou-se um óptimo conversador e contador de histórias. Histórias que deixaram as crianças sem vontade de sair daquela biblioteca (os pais fora talvez já bufassem de tanto estar à espera).
A primeira história que nos contou, foi a do casal apaixonado que tudo faziam para se encontrarem, ele percorria, fizesse sol ou chuva, o percurso entre Porto e Aveiro. Esta história ilustra como a paixão é importante na vida, como as pessoas apaixonadas fazem quase o impossível. Devemos estar sempre apaixonados, apaixonados por uma pessoa, pelo trabalho que fazemos, pelas pessoas que nos rodeiam. Tenho a certeza que os professores que propuseram este desafio aos alunos, são professores apaixonados e apaixonantes. Gémio Luís contou muitas histórias fantásticas, na esperança, disse ele, de mexer por dentro de algum, de alguém. Falou como foi para a as belas artes, tendo influencia o facto de nas aulas de E.V. na escola era as únicas onde era primitido o aluno ter alguma liberdade, nem que fosse para se levantar para afiar o lápis. Falou ainda de como é importante desenhar o que está dentro, a expressão, os sentimentos e não tanto as técnicas. Vimos o ilustrador a fazer um desenho a x-acto directamente do papel. Disse-nos que quando está com um folha em frente, o seu trabalho é retirar o papel que está a mais, é uma questão de optar, de escolher o que interessa e não interessa, como na vida, devemos optar pelo o que interessa. Por vezes também fica encantado com alguns bocados de papel que restam. Depois de ter desenhado resolveu amarrotar o papel, disse que era importante sabermos desligar do que fizemos e continuar em frente. Obrigado Gémio Luís pelo privilégio que nos deste da tua companhia, daquilo que me ensinaste.

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Gémeo Luís com os alunos

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DSCF4862Alguns dos trabalhos realizados pelos alunos
DSCF4884Gémio Luís a ver a exposição
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Gémeo Luís na conversa com os alunos.


Apresentação de Dança, fazendo referencias à obra de Gémio Luís

Tiago Albuquerque

03Tiago Albuquerque dedica-se a múltiplas actividades artísticas, entre elas a de ilustrador. Tem, sem dúvida, um talento especial para as artes plásticas de qual podemos ver no seu blogue . Ilustra para o novo jornal I.  As cores sépia permanecem muito nos seus trabalhos. Na ilustração do conto russo as personagens aparecem numa pose “Futurista” que faz lembrar as pinturas de Almada Negreiros.
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Bernardo Carvalho

14Fundou a editora Planeta Tangerina, tem um conjunto de livros editados pela mesma. A suas ilustrações apresentam-se muito diversificadas. Para o conto Russo ele apresenta-nos formas gráficas semelhantes ao de um pré-adolescente. Superfícies completamente pintadas sem nenhuma preocupação de registar volumes, cores essencialmente quentes. A suas ilustrações são muito pictóricas, quase como quadros do Matisse, melhor ainda como quadros de Bernardo Carvalho.
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Pedro Serapicos

19A ilustração de Pedro Sarapicos tem uma vertente muito simbólico (no caso da ilustração solicitada tinha elementos como a chuva, a cidade com os seus prédios como elementos agressivos e a casa o sol, o rendilhado da mãe como elementos de conforto e de encontro). As técnicas expressivas são muito variadas, entre os materiais riscadores e elementos digitais. Gosto de ver esta relação oposta entre uma geometria que é evidente no papel milimétrico, nas letras, nos prédios e a expressividade dos elementos mais desenhados. Ver site

“Governo fascista é a morte do artista”

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Na minha antiga Escola Secundária António Arroio os alunos fizeram uma manifestação espontânea contra as políticas de José Socrates. Dizem os alunos que não precisam de obras, mas de material e equipamento adequado na escola. A palavra de ordem era “Governo fascista é a morte do artista”. Socrates fugiu pela porta lateral com o ministro das finanças e com a luluzinha. Que lindo espectáculo, adoro quando eles saem com o rabo entre as pernas. Estou solidário com os alunos da António Arroio pois concordo 
 que estas políticas educativas (mediáticas) estão desadequadas às necessidades das escolas, primeiro implicaram com os professores (temos agora professores descontentes e desmotivados), depois ofereceram computadores a toda gente, mas não apetrecharam as escolas com computadores e com outro equipamento necessário, agora estão a fazer obras de construção civil para combater a crise económica, no entanto falta muitas outras coisas à escola. http://sic.aeiou.pt/online/video/informacao/noticias-pais/2009/5/socrates-vaiado-em-lisboa.htm

Julio Vanzeler

09A ilustração de Julio Vanzeler é de uma enorme poética. Diz que trabalha com os filhos, que o ajudam a escolher os padrões do papel. Mas todos os aspectos e pormenores das ilustrações são muito cuidados, as texturas, os jogos de luz e sombra.
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André da Loba

23André da Loba foi aluno da Universidade de Aveiro. A suas ilustrações são muito diversificadas. Para o encontro de ilustração de São João da Madeira apresentou as mais surpreendentes ilustrações com figuras geométricas. As suas ilustrações aproximam-se muito da expressão infantil (ou das crianças, como preferirem). Penso que este aspecto é fundamental na literatura infantil, uma espécie de afinidade do leitor com o livro. Criar campos de possibilidades artísticas. Estimular a criança para as actividades expressão plástica possíveis.
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Marc

21Marc tem um ar de personagem do Moby Dick, daqueles pescadores de baleias, valentes e capazes de desafiar qualquer tempestade. Mas tem a sensibilidade de não matar nem uma mosca e faz tudo para proteger os Albatrozes e os Lobos Ibéricos. Além do mais é uma pessoa generosa, promotor de ideias ” unificadoras”, esta é a lógica do projecto http://www.qualalbatroz.pt. Muitas são as qualidades de Marc: o estado de empatia que cria nos outros, tenho a certeza que todos os que estavam no encontro ficamos impressionados; é um ser naturalmente comunicador; um espirito extremamente criativo que se observa quando expõe uma ideia, ou quando vemos as suas ilustrações. Neste momento sou fã dele. Sei que “tem como emprego de astronauta, que para ele é uma coisa muito chata e nos seus tempos livres faz ilustração”. Site do Marc 
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Paulo Galindro

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Paulo Galindro é um pássaro raro, um pintarriscos. As suas ilustrações são campos imensos, cheios de surpresas  e de exploração. Ao vermos as suas magnificas ilustrações, começamos com vontade de riscar. Eu acredito que os leitores dos livros ilustrados por Galindro vão ser no mínimo pessoas felizes e riscadoras.  Porque estão cheias de estímulos, são as texturas, os riscos soltos e livres, as personagens de uma poética imensa. Obrigado Galindro.

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A Barriga do doutor

Era uma vez um homem com uma barriga enorme.
Uma barriga descomunal, grandiosa e mesmo pomposa.
Uma barriga maior que um porta aviões carregado de feijões,
maior que a lua em vésperas de temporal,
maior que o palácio majestoso de um qualquer rei pateta,
maior que o gato assanhado pela presença de um rato marado,
maior que um campo de golfe para hipopótamos.
Este homem barrigudo vestia um fato elegante, axadrezado e acinzentado com colete, lacinho e uma corrente de ouro onde um relógio pequenino ía suspenso, pendurado e pendulado ao ritmo dos seus passos.
Este homem barrigudo andava com os pés de lado, inclinando a cabeça para cima e fumando um charuto apagado. Com a sua careca brilhante e um bigode farfalhudo quando passava por mim na rua, eu, inclinava-me em sinal de respeito. Porque afinal ele era o homem principal. A mim não me ligava muito, um olhar de desprezo com o bom dia quase em silêncio, pois não podia perder a sua compostura.
Um doutor de cima abaixo, uma brilhante cabeça careca que de tudo sabia, de tudo opinava e quando ele discursava eu palmas batia.
Este homem barrigudo era conselheiro principal de muitos governantes e o primeiro-ministro, o segundo-ministro e mesmo o terceiro-ministro sempre que legislavam aconselhava-se perante este sapiente senhor barrigudo.
Quando isto acontecia, ele inspirava profundamente seu charuto apagado e dizia entre virgulas e sem pontos finais: – talvez seja cauteloso dizer ao povo que isto é o progresso …
Não sei de onde vem tanta ideia, tanta sapiência, tanto conhecimento, talvez do fundo daquela grande barriga…

Tiago

(Talvez isto seja o começo de uma história, não sei)