Cinema

A minha escola faz parte de uma das poucas escolas escolhidas para um ensaio piloto do Plano Nacional de Cinema que vai funcionar de forma parecida com o Plano Nacional de Leitura. Tem como objectivo principal criar espectadores atentos de cinema. Este projecto retribui ao cinema a sua importância na cultura contemporânea. Uma das premissas é que para se ver cinema é necessário que haja uma sala com condições para ser projectado um filme: local escuro, sem pipocas, sem interrupções e onde o espectador está inclusivamente a tomar atenção e subjugado ao filme.

Uma das nossas obrigações como professores é ir a uma acção de formação sobre cinema que iniciou este sábado. Para mim foi excelente aprendi imenso sobre cinema e, de certa forma, obriga-me rever de novo todos os grandes filmes que vi até hoje, com olhos mais atentos às forma expressivas e poéticas do cinema. Apresento aqui alguns exemplos que foram mostrados e ilustrados na acção:

 Soy Cuba é um filme sobre Cuba onde há uma dos mais espectaculares e bonitos plano sequência (um mesmo plano sem cortes e longo com várias sequências de acontecimentos)

Ivan o Terrível aparece um duplo plano (plano conjunto e grande plano)

O Plano Americano chama-se assim porque havia necessidade de mostrar o cowboy com o seu colt para maior dramatização da cena

Alice

O filme Alice de Tim Burton é fantástico. Re-escrito tendo como base a história de “Alice no Pais das Maravilhas” de Lewis Carroll. Fomos ver depois de termos passado uma manhã a limpar Portugal. O pior foi o barulho das pessoas a comer pipocas e no final, a sala estava numa lástima. Houve quem atendesse telefones durante o cinema e quem passou o tempo a conversar. O que podemos fazer para que as pessoas se respeitem mais umas às outras?

Os Óscares

Pouco crédito se pode dar aos Óscares quando em 76 o Rocky IV ganhou ao Taxi Driver. Qual destes filmes ficou na história do cinema?

No entanto parece que Avatar não ganhou todos os óscares como era referido, mesmo assim ganhou alguns. Pena. Sacanas sem Lei ganhou apenas 2 óscares. Dizem as más línguas que o humor de Tarantino não é tão aceitável nas mentes mais conservadoras que compõem o júri.

Control


“Control” é um filme sobre Ian Curtis a alma e o vocalista dos Joy Division. Este grupo que mudou o panorama pop dos anos 80 através da sua letras e efeitos sonoros minimalistas (anteriormente vivia-se um ambiente muito barroco, numa contracultura punk). Consigo, finalmente devido a este filme, relacionar a figura e forma de ser de Ian Curtis com a musica dos Joy Division. Ian Curtis era uma alma simples e atordoada pela complexidade da vida, do amor que sentia por duas mulheres, pela epilepsia que o atordoava, pela sua presença em público (ele entregava-se completamente nos concertos), etc… O Filme mostra também a sensibilidade de um génio, a sua poética, a sua fragilidade.
Joy Division tiveram uma curta carreira, acabando depois do suicido de Ian Curtis, os restantes constituintes criaram a banda New Order. Fica um excerto da ida dos Joy Division à televisão desta banda que teve um forte impacto na música pop.

Um excerto do filme mostra um pouco o envolvimento de Ian Curtis em Palco

As capas dos Joy Division são obras gráficas fascinantes feitas por Peter Saville, no caso do “Closer” com a participação de Martyn Atkins e fotografia de Bernard Pierre Wolff. O album foi editado após a morte de Ian Curtis.

Histórias de Caçadeira

O mesmo senhor era um canalha que não deu nome aos seus filhos (um era filho, outro rapaz e o outro era puto), abandonou a casa e fez uma outra família. Ai foi um “cristão, homem de bem” e que deixou os seus filhos bem. Tudo começa quando este senhor morre. Enquanto os filhos bem choram o desaparecimento do seu querido pai, o filhos que ficaram mal cospem o caixão do pai. Vemos o que o filho Filho diz “Vocês estão todos aqui porque o acham um homem de bem, mas ele não o era, pode ter deixado de beber, pode ter-se intitulado cristão, pode ter mudado de vida, arranjado outra família … mas isso não fez dele outro homem…”. Uma amargura está sempre presente, o processo de ódio progressivo reinicia levando a vinganças sucessivas a um ciclo vertiginoso de violência. Este filme é intenso, a sua história mostra diferentes realidades e transporta-nos para outras realidades onde a violência está presente. No fundo este filme é quase um tratado sobre a violência.

Sinédoque – Nova York

Excelente filme de Charlie Kaufman. Apresenta uma situação de um encenador que, procurando um encontro com a “verdade”, encena a sua vida criando personagens de si e dos que os rodeiam. Como se alguém visse televisão, mas que a cena da televisão fosse essa mesma pessoa a ver a televisão criando uma interminável cadeia de imagens. Recomendo este filme.

Finalmente – Cinema sem pipocas

Finalmente que o Cineclube de Aveiro iniciou a sua actividade. Iniciou com o filme “Sinédoque, Nova Iorque” – e vai continuar a sua programação com excelentes filmes. Lá estarei no Oita (o centro comercial mais cinematográfico de Aveiro – entre lojas chinesas, existe uma sexshop , uma loja legal de venda de erva e o Cineclube).

PROGRAMAÇÃO 2009

19 a 23 Novembro: “Sinédoque, Nova Iorque”, de Charlie Kaufman
26 a 30 Novembro: “Home – Lar, Doce Lar”, de Ursula Meier
3 a 7 de Dezembro: “Histórias de Caçadeira”, de Jeff Nichols
10 a 14 de Dezembro: “Welcome – Bem-Vindo”, de Phillipe Lioret
17 a 19 de Dezembro: 3ª Mostra de Cinema Português – selecção de curtas

3ª Mostra de Cinema Português:

Quinta 17 (duração total 66′)
“Rapace”, de João Nicolau
“Entretanto”, de Miguel Gomes
“Cinemaamor”, de Jacinto Lucas Pires

Sexta 18 (duração total 69′)
“O Pedido de Emprego”, de Pedro Caldas
“A Olhar Para Cima”, de João Figueiras
“Inventário de Natal”, de Miguel Gomes
“A Drogaria”, de Elsa Bruxelas

Sábado 19 (duração total 65′)
“Acordar”, de Frederico Serra e Tiago Guedes
“À Margem”, de João Carrilho
“Corpo e Meio”, de Sandro Aguilar

Antichrist

Vem ai mais um filme de Lars von Trier. Filme polémico e pelo visto impressionante. Está a criar entusiastas, principalmente gente jovem. Por mim Lars Von Trier já era o meu cineasta, depois do Dogville. Espero ansioso pelo filme nas salas de cinema. devo ter que me deslocar ao Porto, pois Aveiro não tem cinema, há apenas umas lojas onde se compra pipocas e pode-se ver uns filmes no intervalo das pipocas.